Viver no hoje é agir. É decidir. E se parece impossível ter-se tudo o que se quer, é igualmente difícil atingir o equilíbrio de querer aquilo que se tem.
Para isso, existem duas vias que se têm de percorrer com a mesma atenção: uma, assumindo o compromisso de nos respeitarmos a nós mesmos, outra, respeitar os outros e os seus sentimentos.
As implicações dessa estratégia vital são: ter, cada dia, a certeza de que é exactamente aqui que queremos estar, e nunca aceitarmos do outro lado o insulto que é menos que essa certeza. Atingir este ponto obriga-nos a perceber que querer tudo está muito (perigosamente) perto de querer nada. “Querer” (esse com letra maiúscula) exige que coloquemos num patamar superior as nossas preferências. E, se somos capazes disso, temos de ser igualmente capazes de abdicar, ou seja, simplesmente fazer uso da capacidade de discernimento que anos de evolução – e outros tantos de disparates – nos deram.
Em caso de dúvida, o lado da balança a ser privilegiado é aquele onde colocámos a nossa felicidade. E, ser feliz, de um ponto de vista semântico, é também “não ter”. Que bom é, hoje, “não ter” tanta coisa!
TO BRING YOU MY LOVE
PJ Harvey
I was born in the desert
I been down for years
Jesus, come closer
I think my time is near
And I've traveled over
Dry earth and floods
Hell and high water
To bring you my love
Climbed over mountains
Travelled the sea
Cast down off heaven
Cast down on my knees
I've laid with the devil
Cursed god above
Forsaken heaven
To bring you my love
(...)